sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Filosofia nas eleições

voto Os problemas de filosofia política costumam ser mais abrangentes que este que aqui vou colocar. Penso que este é até um problema que toca subtilmente alguns elementos de filosofia moral e outros da filosofia política. É corrente em Portugal políticos acusados de processos judiciais concorrerem a eleições. Será justo deixar que pessoas como estas concorram a eleições? Sabemos também que na maioria dos casos, estes políticos até acabam a ganhar as eleições. E também é sabido que na maioria dos casos, os crimes de que são acusados não estão ainda provados. Ainda assim, gostaria de saber o que pensam os leitores: é moralmente justo que uma pessoa acusada de crimes em tribunal possa concorrer para representar democraticamente um grupo de pessoas? O que pensa o leitor?

2 comentários:

João Silva disse...

Claro que sim! Se não é preciso ser santo para ser banqueiro, advogado ou professor, porque é que há-de ser preciso ser santo para ser político? O político deve ser competente tal como o advogado. E se aceitamos advogados ou banqueiros que já tenham cometido crimes, ou que estes estejam em análise, não vejo porque é que há-de ser proibido que aceitemos políticos.

Isto não implica que os políticos já condenados sejam bons. Não me passa pela cabeça votar num político que já roubou. Contudo, isto é muito diferente de impedir as pessoas de decidir como lhes apetece.Em suma, o que digo é que o político não tem de ser um exemplo moral, apesar de haver certos comportamentos morais relevantes para o exercício do cargo.Por isso, é preferível deixar o político candidatar-se e deixar as pessoas decidir.

Rolando Almeida disse...

Caro João,
Obrigado pelo seu comentário. Com efeito, não está em causa a santidade de quem exerce um cargo político, que se distingue dos outros que enumerou (à excepção dos professores) por ser um cargo público. No caso dos professores não me consta que seja tão corrente um professor acusado de crimes, continuar a exercer a sua profissão. Normalmente fica com a actividade suspensa, como aconteceu recentemente no caso da professora de Espinho.
Mas discordo da sua conclusão, a de que o político não tem de ser um exemplo moral. Para recorrer a uma expressão da economia, ocorre distorção de incentivos quando um político não constitui um exemplo. E tenha em atenção que existem países politicamente sólidos em que o indício de crime é motivo para suspensão do cargo, curiosamente na maioria dos casos, demitindo-se o político, precisamente porque o político deve ser o primeiro exemplo.
obrigado